sábado, 7 de dezembro de 2013

Minh' alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver
Não és sequer a razão do meu viver
pois que tu és já toda minha vida
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história, tantas vezes lida!
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
De uma boca divina, fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! podem voar mundos, morrer astros,(x2)
Que tu és como um deus: princípio e fim!...(x2)
Eu já te falei de tudo, mas tudo isso é pouco,
diante do que sinto.
Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue

Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos


Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue

Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos

Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente

Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer.

[Mia Couto]

GAIVOTA

Alexandre O´Neill 

Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Dicas sobre textos:




  1.  O artigo de opinião  é o meio termo entre a carta argumentativa e a dissertação argumentativa. No artigo de opinião é permitido usar a 1ª pessoa do singular;
  1. No artigo de opinião não há interlocutor específico, como na carta .O artigo de opinião é feito para ser publicado em jornais e revistas.
  1.  Não trate sua tese como uma verdade universal no artigo de opinião, mas como uma opinião que deve ser defendida;
  1.  O artigo de opinião também deve ter cerca de 4 ou 5 parágrafos;
  1. Ao contrário da Dissertação, o artigo de opinião permite um tom mais pessoal do autor. Outro tipo de texto pedido em alguns vestibulares é o Editorial;
  1. O Editorial é um gênero do discurso argumentativo que tem como finalidade expressar a opinião de um jornal, revista ou qualquer órgão da imprensa;
  1.  Os assuntos do Editorial dizem respeito acontecimentos importantes nacional ou internacionalmente. O Editorial nunca é assinado;
  1.  Assinar um Editorial, além de errar no gênero textual, pode ser considerado identificação de prova e zerar a redação;
  1.  Além de apresentar as opiniões assumidas pelo veículo da imprensa, o Editorial costuma também apresentar as opiniões contrárias, para poder refutá-las;
  1.  É permitido escrever em letra de forma em redações, contanto que diferencie as maiúsculas;
  1. Letra ilegível pode zerar uma redação. Mas atenção! Letra ilegível não quer dizer letra feia. A letra não precisa ser bonita, mas legível e compreensível;
  1.  Uma redação com senso crítico é sempre mais bem avaliada do que a com senso-comum. Para isso, é necessário estar bem  informado com os acontecimentos;
  1.  O quesito adequação ao tema leva em consideração o senso crítico do candidato;
  1.  Outro quesito comum a todos os vestibulares é a coesão e a coerência. A coesão é a conexão entre as partes do texto, incluindo parágrafos e orações;
  1.  O uso de conectivos equivocados pode comprometer a coerência e a coesão de um texto;
  1. Para não ousar no texto não use o senso comum , com medo da nota.Uma dissertação nota dez é aquela que é única e extremamente crítica;
  1.  Cuidado com as marcas de autoria na dissertação. embora o texto seja seu, evite a 1ª pessoa do singular e adjetivos muito pessoais, para não torná-lo informal;
  1.  A melhor maneira de argumentar é apresentar posicionamento crítico com fatos coerentes. Ser muito radical pode surtir efeito contrário e ser ruim em seu texto;
  1. A introdução de uma dissertação deve apresentar duas características: contextualização do tema e sugestão da tese;
  1. Lembre-se de que é possível fazer análises históricas em sua introdução, sempre trazendo para a contemporaneidade;
  1.  A introdução não precisa, necessariamente, ter relação com o título, melhor na conclusão;
  1. Introdução, construções como : " Muito se tem discutido sobre"  não estão erradas, mas são clichês;
  1. Um texto com 30 linhas é interessante que cada parágrafo tenha em torno de 5 a 6 linhas;
  1.  A introdução por base histórica consiste em contextualizar o problema desde os seus primórdios, para mostrar a evolução do mesmo;
  1. Evite o tom argumentativo já na introdução. Apresente seus argumentos, mas sem defende-los . Apenas ambiente o leitor naquele assunto.